Sou um tipo de mulher lasciva.
Não vulgar, mas lasciva.
O vulgar entrega tudo de uma vez.
É meio sem jeito.
Seria vulgar dizer que gosto de
trepar?
Pois é. Gosto de trepar.
Arrebatada e louca, como se não
houvesse amanhã.
Como se não existisse nada além
de um corpo impregnado do meu.
Como se tudo estivesse ali:
Respostas, soluções, caminhos, a
própria luz!
Gosto é de trepar.
Mas de um jeito todo meu.
Ordinário!
Safado!
Com cheiro de colônia de quinta
categoria.
Num quarto minúsculo, com paredes
descascando.
No chuveiro.
Embaixo de uma amendoeira
preguiçosa.
No banco da praça.
Debaixo da chuva fria da
madrugada.
Gosto
De roçar meus seios num mar de
pêlos negros.
De gemer aliviada
De fazer maldade.
Aliás, trepar tem um quê de
desespero. De luta.
É dominação e submissão.
Trepar é quase como dançar:
Transforma nosso corpo, esse
amontoado
De carne e pele e ossos
N'algo leve, solto, perfumado de
suor, sorridente.
E com a indescritível vantagem de
se perder no final.
Um viva para os que fazem amor!
Mas admitam meus caros:
Trepar tem também o seu valor...
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