quinta-feira, 16 de setembro de 2021

LASCIVA

 


Sou um tipo de mulher lasciva.

Não vulgar, mas lasciva.

O vulgar entrega tudo de uma vez.

É meio sem jeito.

Seria vulgar dizer que gosto de trepar?

Pois é. Gosto de trepar.

Arrebatada e louca, como se não houvesse amanhã.

Como se não existisse nada além de um corpo impregnado do meu.

Como se tudo estivesse ali:

Respostas, soluções, caminhos, a própria luz!

Gosto é de trepar.

Mas de um jeito todo meu.

Ordinário!

Safado!

Com cheiro de colônia de quinta categoria.

Num quarto minúsculo, com paredes descascando.

No chuveiro.

Embaixo de uma amendoeira preguiçosa.

No banco da praça.

Debaixo da chuva fria da madrugada.

Gosto

De roçar meus seios num mar de pêlos negros.

De gemer aliviada

De fazer maldade.

Aliás, trepar tem um quê de desespero. De luta.

É dominação e submissão.

Trepar é quase como dançar:

Transforma nosso corpo, esse amontoado

De carne e pele e ossos

N'algo leve, solto, perfumado de suor, sorridente.

E com a indescritível vantagem de se perder no final.

Um viva para os que fazem amor!

Mas admitam meus caros:

Trepar tem também o seu valor...

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