Aquele não era um dia ordinário para
ela. Sentia uma fúria latente, algo que desconhecia até então. E temia.
Por isso, quando o homem adentrou
seu quarto, ele percebeu no olhar feroz e insano da mulher que aquele não seria
um encontro comum, casual e simples.
Não sorriu pra ele. Fitou-o com
descaso. Ordenou-lhe que tirasse os sapatos e vestimentas.
Ela usava um vestido vermelho,
justo, acetinado, até os joelhos. Meias pretas, cinta-liga, salto alto...toda a
indumentária própria das fantasias masculinas.
Ele afundou-se no colchão de
molas já gastas. E aguardou por ela.
Com uma expressão demoníaca no
rosto, ela montou sobre seu corpo, apenas levantando o vestido e revelando sua
vulva nua, ardente, carnívora.
Sem cerimônia, começou a cavalga-lo
despreocupadamente. Fechou os olhos e era como se ele não estivesse lá. Era
apenas ela, um pau entre suas pernas e o prazer.
Ele gemia, exaltava seu corpo,
suas curvas, seu pleno domínio. Ela sequer o escutava.
Passou a acelerar o ritmo, a
aprofundá-lo dentro de si mais e mais. Ele não parecia apto a aguentar muito
tempo, pois tudo o que ele via e sentia o excitava loucamente. Ela o excitava,
o provocava. Tirava-o da órbita cotidiana e o conduzia a lugares úmidos,
escuros, fumegantes, claustrofóbicos.
Deixou escapar um bramido
profundo. Havia gozado. Havia sido atingido, vencido, dominado.
Mas ela continuou cavalgando-o. E
pra ele, o prazer transformava-se agora em angustiante dor. E para ela, aquela
dor despertava em si um instinto dos mais selvagens.
- Dá uma paradinha, tá
incomodando! - ele suplicou.
Em resposta, ela cravou as unhas
em seu rosto. Era pura fúria sádica. E quanto mais o rosto do homem se franzia
em dor, mais prazer ela sentia.
Mordeu e sangrou-o os lábios.
Arranhava seu torso alvo e
delicado.
Puxava-lhe os cabelos.
Ele queria defender-se daquele
animal indócil. Mas não conseguia. Era brinquedo em suas mãos.
Ela gritava! Jogava as próprias
ancas contra as dele. Os ossos doíam. As costas doíam. Suavam em bicas. Seus
hálitos misturavam-se, sufocava-os!
E então, sentiu a implosão
uterina, o contrair da vagina, o tilintar latejante do clitóris.
Não tinha havido orgasmo tão
excruciante como aquele até então.
Jogou o corpo exausto pro lado.
Ficaram em silêncio, olhos
fechados.
Certamente pensando que o desejo
pode ser transformado n'algo colossal e perverso se deixado livre.
Totalmente livre.
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