segunda-feira, 3 de julho de 2023

VERSINHOS BANAIS

 




Eu já tinha combinado

Na verdade, avisado:

Que ficasse resignada

Ao final, restaria nada.

 

Nos encontramos, e era o fogo

O suor, a saliva, a ardência e o gemido

Era a mão gelada e o seio quente

Era a língua e o lábio e a libido.

 

Olhava-me com feliz tristeza

Enquanto arrancava suas calcinhas

E por um minuto, tive quase certeza:

Há muito não-dito nas entrelinhas.

 

Me beijava me sufocando

Puxava meus cabelos, mordia meu queixo

Arranhava-me as costas, dizendo:

“Alguma marca eu te deixo! ”

 

E fui com tudo ao seu interior

Pra me unir em fusão nuclear

Ainda me sentia superior:

O topo é o lugar de quem golpear.

 

Mas eis que, dentro dela, mora um rio

Cristalino, profundo, revolto e traiçoeiro

Mergulhei nele, cheio de brio

E logo vi: daqui, não saio inteiro.

 

Fui engolido, tragado, afogado

Levado pro âmago, pro núcleo, pro centro

Tonto e sem ar, orgulho dizimado!

Suado por fora, vencido por dentro.

 

“Perdi!”, pensei ao gozar

Perdi a mim mesmo naquelas cavernas

E hoje só estou inteiro de novo

Quando me encontro entre suas pernas.

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