Eu já tinha combinado
Na verdade, avisado:
Que ficasse resignada
Ao final, restaria nada.
Nos encontramos, e era o fogo
O suor, a saliva, a ardência e o gemido
Era a mão gelada e o seio quente
Era a língua e o lábio e a libido.
Olhava-me com feliz tristeza
Enquanto arrancava suas calcinhas
E por um minuto, tive quase certeza:
Há muito não-dito nas entrelinhas.
Me beijava me sufocando
Puxava meus cabelos, mordia meu queixo
Arranhava-me as costas, dizendo:
“Alguma marca eu te deixo! ”
E fui com tudo ao seu interior
Pra me unir em fusão nuclear
Ainda me sentia superior:
O topo é o lugar de quem golpear.
Mas eis que, dentro dela, mora um rio
Cristalino, profundo, revolto e traiçoeiro
Mergulhei nele, cheio de brio
E logo vi: daqui, não saio inteiro.
Fui engolido, tragado, afogado
Levado pro âmago, pro núcleo, pro centro
Tonto e sem ar, orgulho dizimado!
Suado por fora, vencido por dentro.
“Perdi!”, pensei ao gozar
Perdi a mim mesmo naquelas cavernas
E hoje só estou inteiro de novo
Quando me encontro entre suas pernas.
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